Liga Acadêmica de Genética Médica

sábado, 27 de outubro de 2012

Trabalhos aprovados no CONNEGEM





A Liga Acadêmica de Genética Médica tem o prazer de divulgar que todos os trabalhos enviados por seus membros foram aprovados no III CONNEGEM. No total serão 10 trabalhos científicos a serem levados para o congresso que acontecerá em Forataleza do dia 13 a 16 de novembro de 2012.

Tudo isso é fruto de muito trabalho e dedicação de todos os membros da liga e seu orientador. Parabéns a todos e preparem suas malas!

Link com os trabalhos aprovados:
http://www.connegem.com.br/Trabalhos_Aprovados_CONNEGEM.pdf

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Síndrome de Proteus


A Síndrome de Proteus é uma doença rara caracterizada pelo crescimento excessivo dos ossos, pele e outros tecidos. Os órgãos e tecidos afetados pela doença vão crescer fora de proporção com o resto do corpo. O crescimento excessivo é geralmente assimétrico, o que significa que afeta os lados direito e esquerdo do corpo de forma diferente. Recém-nascidos com Síndrome de Proteus tem poucos sinais ou nenhum sinal da doença. O crescimento excessivo torna-se aparente entre as idades de 6 e 18 meses e fica mais grave com a idade.
Em pessoas com Síndrome de Proteus, o padrão de crescimento excessivo varia muito, mas pode afetar quase qualquer parte do corpo. Ossos dos membros, coluna vertebral do crânio muitas vezes são afetados. Esta condição pode também causar uma variedade de tumores de pele, em particular uma lesão, de espessura elevada e profundamente sulcada conhecida como um nevo do tecido conjuntivo, nevos cerebriformes. Este tipo de crescimento da pele ocorre geralmente nas solas dos pés e quase nunca é visto em outras condições de síndrome que não na Síndrome de Proteus. Vasos sanguíneos (tecido vascular) e de gordura (tecido adiposo), pode também aumentar de forma anormal na Síndrome de Proteus.
Figura 1. Hiperplasia plantar cerebriforme.
Algumas pessoas com Síndrome de Proteus têm anormalidades neurológicas, incluindo deficiência mental, convulsões e perda da visão. Os indivíduos afetados também podem ter características faciais distintivas, como um rosto comprido, cantos externos dos olhos que apontam para baixo (down-fissuras palpebrais oblíquas), uma ponte nasal baixa com narinas largas, e uma expressão de boca aberta. Por razões que não são claras, as pessoas afetadas com sintomas neurológicos são mais propensas a ter características faciais distintivas do que aqueles sem sintomas neurológicos. Não está claro como esses sinais e sintomas estão relacionados ao crescimento anormal.
Figura 2. Paciente chinês com Síndrome de Proteus.
Outras complicações potenciais da Síndrome de Proteus incluem um aumento do risco de desenvolver vários tipos de tumores não cancerosos (benignos) e um tipo de coágulo sanguíneo chamado de trombose venosa profunda (TVP).  A TVP ocorre mais frequentemente nas veias profundas das pernas ou braços. Se esses coágulos viajar através da corrente sanguínea, pode se alojar nos pulmões e causar uma complicação potencialmente fatal chamada de embolia pulmonar. A embolia pulmonar é uma causa comum de morte em pessoas com Síndrome de Proteus.
Os pesquisadores acreditam que indivíduos com condições que caracterizam o crescimento excessivo assimétrico foram erroneamente diagnosticado com Síndrome de Proteus. Para fazer um diagnóstico preciso, a maioria dos médicos e pesquisadores agora seguem um conjunto de diretrizes rígidas que definem os sinais e sintomas da Síndrome de Proteus.
A Síndrome de Proteus foi assim denominada em 1983 pelo pesquisador Wiedemann baseada no mito grego do deus Proteu, visando expressar a variabilidade fenotípica desta Síndrome. Na mitologia grega, Proteu, deus marinho originado do relacionamento entre o deus Poseidon ( deus supremo dos mares ) e da titã Tétis, possuía o dom da premonição e desta maneira atraia deuses, heróis e mortais que tinham interesse em saber dos acontecimentos vindouros. Porém, como não gostava de revelar o futuro, Proteu fugia ou metamorfoseava-se assumindo alguma aparência monstruosa, evitando os curiosos que lhe atormentavam.


                    
Figura 3. Proteus, filho de Poseidon com a Titã Tétis.   Figura 4. Poteus X Menelau.


Da mesma forma que Proteu, os indivíduos portadores da Síndrome de Proteus podem sofrer alterações fenotípicas tamanhas que chegam a assumir formas monstruosas que impressionam pelo elevado grau de deformidade em seus corpos. A gravidade das alterações fenotípicas associada com a raridade dos casos fez com que Happle no ano de 1997 lançasse uma hipótese acerca da gênese da Síndrome de Proteus. Ele sugeriu que a Síndrome ocorre pela manifestação em mosaicismo de um gene que seria letal caso fosse expresso de forma não mosaica. Hoje se sabe que a Síndrome de Proteus resulta de uma mutação no gene AKT1. Esta alteração genética não é herdada de um dos pais, mas surge aleatoriamente em uma celula, durante os estágios iniciais de desenvolvimento antes do nascimento. Como as células continuam a crescer e dividir-se e algumas células têm a mutação e outras células não,  surge uma mistura de células com e sem uma mutação genética o que é conhecido como mosaicismo.
O gene AKT1 ajuda a regular o crescimento e divisão celular (proliferação) e morte celular. A mutação deste gene prejudica a capacidade de uma célula de regular o seu próprio crescimento, permitindo-a crescer e dividir-se anormalmente. A proliferação celular aumentada em vários tecidos e órgãos conduzem à característica de crescimento anormal que é sempre presente na Síndrome de Proteus. Os estudos sugerem que uma mutação no gene AKT1 é mais comum em grupos de células que apresentam crescimento anormal do que nas partes do corpo que crescem normalmente.
Em alguns casos clínicos publicados, as mutações no gene PTEN têm sido associadas com a Síndrome de Proteus. No entanto, muitos pesquisadores agora acreditam que os indivíduos com mutações do gene PTEN e supercrescimento assimétrico não atendem as diretrizes rígidas para o diagnóstico de Síndrome de Proteus. Em vez disso, essas pessoas realmente têm uma condição que é considerada parte de um grupo maior de transtornos relacionados ao gene PTEN, a síndrome do hamartoma tumoral. Um nome que foi proposto para a condição é supercrescimento segmentar, lipomatose, malformações arteriovenosas, e nevo epidérmico ( sinais que em inglês formam a sigla - SOLAMEN) síndrome de SOLAMEN, a outra é tipo 2, síndrome de Cowden segmentar. No entanto, alguns artigos científicos ainda se referem ao gene PTEN relacionada com a Síndrome de Proteus.
Não existe um tratamento específico para os indivíduos com a Síndrome de Proteus. Dependendo das manifestações fenotípicas de cada paciente eles podem ser encaminhados para a ortopedia ou para a cirurgia plástica com finalidade reconstrutiva.

Luís Henrique Alves Salvador Filho
6° Período – Medicina – UFAL