A
Síndrome de Proteus é uma doença rara caracterizada pelo crescimento excessivo
dos ossos, pele e outros tecidos. Os órgãos e tecidos afetados pela doença vão
crescer fora de proporção com o resto do corpo. O crescimento excessivo é
geralmente assimétrico, o que significa que afeta os lados direito e esquerdo
do corpo de forma diferente. Recém-nascidos com Síndrome de Proteus tem poucos
sinais ou nenhum sinal da doença. O crescimento excessivo torna-se aparente
entre as idades de 6 e 18 meses e fica mais grave com a idade.
Em
pessoas com Síndrome de Proteus, o padrão de crescimento excessivo varia muito,
mas pode afetar quase qualquer parte do corpo. Ossos dos membros, coluna
vertebral do crânio muitas vezes são afetados. Esta condição pode também causar
uma variedade de tumores de pele, em particular uma lesão, de espessura elevada
e profundamente sulcada conhecida como um nevo do tecido conjuntivo, nevos
cerebriformes. Este tipo de crescimento da pele ocorre geralmente nas solas dos
pés e quase nunca é visto em outras condições de síndrome que não na Síndrome
de Proteus. Vasos sanguíneos (tecido vascular) e de gordura (tecido adiposo),
pode também aumentar de forma anormal na Síndrome de Proteus.
Figura 1. Hiperplasia plantar cerebriforme.
Algumas
pessoas com Síndrome de Proteus têm anormalidades neurológicas, incluindo
deficiência mental, convulsões e perda da visão. Os indivíduos afetados também
podem ter características faciais distintivas, como um rosto comprido, cantos
externos dos olhos que apontam para baixo (down-fissuras palpebrais oblíquas),
uma ponte nasal baixa com narinas largas, e uma expressão de boca aberta. Por
razões que não são claras, as pessoas afetadas com sintomas neurológicos são
mais propensas a ter características faciais distintivas do que aqueles sem
sintomas neurológicos. Não está claro como esses sinais e sintomas estão
relacionados ao crescimento anormal.
Figura 2. Paciente chinês com
Síndrome de Proteus.
Outras
complicações potenciais da Síndrome de Proteus incluem um aumento do risco de
desenvolver vários tipos de tumores não cancerosos (benignos) e um tipo de
coágulo sanguíneo chamado de trombose venosa profunda (TVP). A TVP ocorre mais frequentemente nas veias
profundas das pernas ou braços. Se esses coágulos viajar através da corrente
sanguínea, pode se alojar nos pulmões e causar uma complicação potencialmente
fatal chamada de embolia pulmonar. A embolia pulmonar é uma causa comum de
morte em pessoas com Síndrome de Proteus.
Os
pesquisadores acreditam que indivíduos com condições que caracterizam o
crescimento excessivo assimétrico foram erroneamente diagnosticado com Síndrome
de Proteus. Para fazer um diagnóstico preciso, a maioria dos médicos e
pesquisadores agora seguem um conjunto de diretrizes rígidas que definem os
sinais e sintomas da Síndrome de Proteus.
A
Síndrome de Proteus foi assim denominada em 1983 pelo pesquisador Wiedemann
baseada no mito grego do deus Proteu, visando expressar a variabilidade
fenotípica desta Síndrome. Na mitologia grega, Proteu, deus marinho originado
do relacionamento entre o deus Poseidon ( deus supremo dos mares ) e da titã
Tétis, possuía o dom da premonição e desta maneira atraia deuses, heróis e
mortais que tinham interesse em saber dos acontecimentos vindouros. Porém, como
não gostava de revelar o futuro, Proteu fugia ou metamorfoseava-se assumindo
alguma aparência monstruosa, evitando os curiosos que lhe atormentavam.
Figura 3. Proteus, filho de Poseidon
com a Titã Tétis. Figura 4. Poteus X Menelau.
Da
mesma forma que Proteu, os indivíduos portadores da Síndrome de Proteus podem
sofrer alterações fenotípicas tamanhas que chegam a assumir formas monstruosas
que impressionam pelo elevado grau de deformidade em seus corpos. A gravidade
das alterações fenotípicas associada com a raridade dos casos fez com que
Happle no ano de 1997 lançasse uma hipótese acerca da gênese da Síndrome de
Proteus. Ele sugeriu que a Síndrome ocorre pela manifestação em mosaicismo de
um gene que seria letal caso fosse expresso de forma não mosaica. Hoje se sabe
que a Síndrome de Proteus resulta de uma mutação no gene AKT1. Esta alteração
genética não é herdada de um dos pais, mas surge aleatoriamente em uma celula,
durante os estágios iniciais de desenvolvimento antes do nascimento. Como as
células continuam a crescer e dividir-se e algumas células têm a mutação e
outras células não, surge uma mistura de
células com e sem uma mutação genética o que é conhecido como mosaicismo.
O
gene AKT1 ajuda a regular o crescimento e divisão celular (proliferação) e
morte celular. A mutação deste gene prejudica a capacidade de uma célula de
regular o seu próprio crescimento, permitindo-a crescer e dividir-se
anormalmente. A proliferação celular aumentada em vários tecidos e órgãos
conduzem à característica de crescimento anormal que é sempre presente na
Síndrome de Proteus. Os estudos sugerem que uma mutação no gene AKT1 é mais
comum em grupos de células que apresentam crescimento anormal do que nas partes
do corpo que crescem normalmente.
Em
alguns casos clínicos publicados, as mutações no gene PTEN têm sido associadas
com a Síndrome de Proteus. No entanto, muitos pesquisadores agora acreditam que
os indivíduos com mutações do gene PTEN e supercrescimento assimétrico não
atendem as diretrizes rígidas para o diagnóstico de Síndrome
de Proteus. Em vez disso, essas pessoas realmente têm uma condição que é
considerada parte de um grupo maior de transtornos relacionados ao gene PTEN, a
síndrome do hamartoma tumoral. Um nome que foi proposto para a condição é
supercrescimento segmentar, lipomatose, malformações arteriovenosas, e nevo
epidérmico ( sinais que em inglês formam a sigla - SOLAMEN) síndrome de SOLAMEN,
a outra é tipo 2, síndrome de Cowden segmentar. No entanto, alguns artigos
científicos ainda se referem ao gene PTEN relacionada com a Síndrome de
Proteus.
Não
existe um tratamento específico para os indivíduos com a Síndrome de Proteus.
Dependendo das manifestações fenotípicas de cada paciente eles podem ser
encaminhados para a ortopedia ou para a cirurgia plástica com finalidade
reconstrutiva.
Luís
Henrique Alves Salvador Filho
6°
Período – Medicina – UFAL