Geneticista do HUPAA fala sobre a Síndrome de Down em entrevista ao Bom dia Alagoas, da TV Gazeta
Dinâmicos,
carinhosos e especiais. Quebrando mitos, os portadores da Síndrome de
Down deixaram de ser vistos como “diferentes” e têm provado cada vez
mais que são iguais a qualquer pessoa, necessitando apenas de uma
dosagem maior de atenção.
Comemorado nesta quarta-feira, 21, o Dia Internacional da Síndrome de
Down reforça a necessidade de alertar a sociedade para a quebra dos
preconceitos. Para falar sobre o assunto, o geneticista Carlos Guilherme
Gaelzer, do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, concedeu
entrevista na manhã de hoje à TV Gazeta, no programa Bom dia Alagoas,
onde fez esclarecimentos sobre a síndrome e as necessidades dos
portadores.
Sobre o fator genético, Gaelzer explicou que o problema ocorre devido à
trissonomia no cromossomo 21, onde ocorre a duplicação deste gene,
fazendo com que, ao invés de 46 cromossomos – quantidade normal de cada
ser humano – um bebê nasça com 47, caracterizando assim a alteração
cromossômica causadora da síndrome.
De acordo com o profissional, esta alteração genética foi descrita em
1860, mas só foi descoberta e diagnosticada em 1959, quase cem anos
depois. Gaelzer explica que toda mulher é suscetível a ter um filho
Down. No entanto, este risco é ainda maior quando a futura mãe já passa
dos 35 anos.
O diagnóstico da síndrome pode ser feito ainda no pré-natal ou minutos
depois do parto, no caso das gestantes que não passaram por este
tratamento. Segundo Gaelzer, o obstetra, ao detectar o problema, deve
encaminhar o bebê para o geneticista, que poderá confirmar precisamente
se a criança é Down, bem como iniciará o acompanhamento junto à equipe
multiprofissional
Quantos aos aspectos de saúde e características físicas, o geneticista
diz que, em média, 40% dos portadores da síndrome desenvolvem problemas
cardíacos, o que, no passado, era a causa da longevidade mínima destas
pessoas. Hoje, com a intensificação da avaliação cardíaca e
possibilidade de intervenção cirúrgica, o tempo de vida tornou-se maior.
Normalmente, o down apresenta estatura menor e aspectos na fisionomia
que identificam a síndrome.
Guilherme Gaelzer fez esclarecimentos, abordando o diagnóstico e outros aspectos da síndrome
Gaelzer
ressalta que, mesmo os portadores tendo um atraso no desenvolvimento,
eles convivem normalmente. “Eles fazem tudo de acordo com o seu tempo.
Ao invés de equilibrar o pescoço aos quatro meses, o down fará isto aos
seis. Ao invés de começar a andar com um ano, andará um pouco depois.
Este atraso é uma das características destas crianças”, diz o
geneticista, acrescentando que, para ter uma melhor qualidade de vida,
todo portador é acompanhado por uma equipe multiprofissional.
No Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, desde 2005 os
portadores da síndrome contam com este acompanhamento em um ambulatório
especializado, que funciona no Serviço de Genética Clínica. Segundo
Gaelzer, o atendimento ao down é fundamental para a adaptação do
portador.
Quanto à inserção social, o geneticista falou sobre a divulgação da
síndrome na mídia e ressaltou ser importante pelo fato de ajudar a
sociedade a “se acostumar com a ideia, coisa que antigamente era mais
estigmatizado”.
Além de todo o acompanhamento médico, Guilherme Gaelzer diz ser
necessário também um ambiente amoroso para o down. Segundo ele, os
portadores da síndrome são muito carinhosos. “O apoio é fundamental.
Essas crianças são extremamente amorosas e isso deve ser recíproco. Nós
temos que retribuir todo esse amor”, concluiu o geneticista.
21 de Março
O Dia da Síndrome de Down faz alusão à alteração cromossômica que causa
o problema genético e foi criada em 2006 pela Down Síndrome
International. Por ser 21/3, em inglês 3/21, a data representa a
trissonomia do cromossomo 21.
Comemoração
Com o tema “Deixe o respeito vencer o preconceito”, a Liga Acadêmica de
Genética Médica de Alagoas (LAGeM) inicia oficialmente suas atividades
com ação educativa durante todo o dia na Família Down Alagoana (Fam
Down) que é uma entidade sem fins lucrativos afiliada à Federação
Brasileira das Associações de Síndrome de Down e atende atualmente cerca
de 60 crianças. Além de funcionar como escola, a Fam Down é um centro
de cultura e lazer voltado aos portadores de Síndrome de Down.
Coordenada por Guilherme Gaelzer, a LAGeM está realizando hoje um dia
especial, com recreação para as crianças e atividades com os pais,
visando a integração entre eles.
Link original:
http://www.hupaaufal.org/index.php?option=com_content&view=article&id=576%3Ano-dia-internacional-da-sindrome-de-down-geneticista-do-hupaa-faz-esclarecimentos-durante-entrevista&catid=36%3Amaterias&Itemid=57